Sine Capite Fabula!

Flávio Rebouças'

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Hibridísmo midiático e a produção de informação



O vídeo Epic 2015 tem como enredo o desenvolvimento informacional tecnológico de mecanismos típicos da internet. O vídeo traça uma linha espaço temporal que vai desde 1989, iniciando com a criação da WWW por Tim Berners-Lee, e vai até 2015, quando a Googlezon, uma fusão entre Google e Amazon, domina a informação, que é o pilar da "sociedade da informacão". Conseqüentemente, mecanismos como o Epic, deteriam o poder da informação devido a promoção do conhecimento valorizado pela sociedade pós-industrial mundial. O vídeo mostra uma visão de evolução gradativamente rápida da Internet, chegando a convergir a produção da informação ao seu domínio. O que se tem, de fato, é uma nova condição para o sujeito pós-moderno que vive bombardeado de informações a serem consumidas de acordo com seus anseios, localização e diversos outros aspectos objetivos e subjetivos. Inicia-se a uma nova etapa da transmissão e produção da informação.
O Epic surgiria como um modelo revolucionário de relação com a informação, uma ferramenta que funcionaria num esquema entrada-saída, onde pessoas comuns participariam diretamente: a população produz conteúdo; este é enviado para o Epic, que o filtra, edita e redisponibilizam para cada pessoa, personalizadamente. O que traria uma revolução radical no processo de criação e distribuição de conteúdo, identificando nesta ferramenta uma ruptura com os padrões da sociedade industrial, deixando valer a propagação de idéias. Mapeia-se um cenário mediado pelas novas tecnlogias de informação e comunicação. Isso é importante para destacar que as relações humanas, cada vez mais, se darão em um ambiente multimídia, pela difusão da ação dos "interatores".
Hoje em dia já se pode considerar como possibilidade real para o presente e futuro um mundo virtual dividido entre duas tendências que causam um dualismo na relação do ser humano com as possibilidades existentes na cultura virtual: Uma parcela de usuários cujos interesses são comprometidos com a autodeterminação, onde seus desejos se saciam na relação de entrosamento com a gama de possibilidades da Comunicação Mediada por Computadores (CMC), e que terão a liberdade de criar, de escolher, de se relacionar de uma forma autentica com o outro e decidir os próprios passos. É uma força cuja existência se dá pelas relações do mundo virtual, são os interatores, participantes diretos no caminhar da virtualidade. Se por um lado o mundo virtual se torna um atraente espetáculo de transformação, por outro há aqueles que simplesmente serão levados mansamente pela propagação das ações alheias (ou sequer estarão sujeitos a isto), num pensamento linear equivalente ao que acontece na televisão, ou seja, as pessoas diante da TV não precisam pensar para assimilar o que ela transmite, são os interagidos. A tecnização, informatização e globalização da sociedade colocam o conhecimento em posição privilegiada como fonte de valor e de poder, e a relação que os indivíduos tiver com estes fatores é que evidenciará seu lugar no neste desenvolvimento.
É válido lembrar que a internet deve ser entendida pelo sujeito levando em conta três pontos reflexivos importantes para a utilização por este, como lembra Dominique Wolton em seu texto "Pensar a internet". Ele acrescenta que para que a sociedade não seja vencida pela evolução, essa forma de comunicação deve ser encarada nas seguintes dimensões: "técnica, cultura e sociedade". Caracterizando o sujeito a partir destes pontos como "o internauta, o individuo e o cidadão", classificando-os como "os três níveis em que a revolução da internet se efetua".
A internet é um sistema de comunicação, que basea-se na integração em rede digitalizada de múltiplos modos de comunicação, e sua capacidade de inclusão e abrangência de todas as expressões culturais é uma característica latente. Esse revolucionário sistema de comunicação transforma radicalmente o espaço e o tempo, as dimensões fundamentais da vida humana, além dos fatores financeiros . O Estado tem uma função que se destaca favorece ou possibilitando ou não o desenvolvimento tecnológico, fundamental para a sociedade informacional. Castells utiliza como ponto de partida a revolução da tecnologia da informação, por sua "penetrabilidade em todas as esferas da atividade humana" como fator crucial de sua propagação e aceitação no ceio da contemporaneidade que rompeu relações com o a linearidade histórica por volta da década de 70:
"o que deve ser guardado para o entendimento darelação entre a tecnologia e a sociedade é que o papel do Estado, seja interrompendo, seja promovendo, seja liderando a inovação tecnológica, é um fator decisivono processo geral, à medida que expressa e organiza as forças sociais dominantes em um espaço e uma época determinada” CASTELLS. 1991,31).
O desenvolvimento das tecnologias teve seus impactos nos diversos campos das relações humanas e na perspectiva histórica, além de amplamente utilizadas pelo setor comercial. Principalmente no 'rejuvenescimento' do sistema capitalista.


A web e os mecanismos de informação
As experiências vivídas hoje se tornaram mais vastas em relação ao que se tinha sem a existência da web. Além da ampliação da diversidade de mecanismos de consulta de informações e noticias, se pode ter uma rede de pessoas ligadas através de blogs, sites de noticias, sites de relacionamento... Isso possibilita a personalização do conteúdo, proporcionando ao internauta buscar a qualquer momento as informações de seu interesse, desprendendo o interessado da grade fixa e de conteúdo pouco aprofundado que é a programação televisiva por exemplo.
O que percebemos aqui é chamado por Steven Jhonson como "ecossistema de noticiárioa", que seria onde "as informações fluem com mais liberdade". No filme Epic 2105, o mecanismo também de nome epic, se apresenta como a evolução da comunicação. Ele representaria de forma notória o modo de produção e o fluxo de disseminação da informação na internet. Castells caracterizaria esse processo como parte constituinte da "constelação da internet". Ele citou que a comunicação global via CMC: "desempenhara papel cada vez mais decisivo na formação da futura cultura, e, progressivamente, as elites formadoras de seu formato desfrutarão de vantagens estruturais na sociedade emergente".
Sobre esta útima passagem, o Steven Johnson declara que o acesso ao mundo virtual "ainda não está distribuída de maneira igual", percebe-se uma lacuna na composição da sociedade informacional, neste ponto, Castells diz que a essa revolução se desenvolve "em ondas concêntricas, começando nos níveis de educação e riqueza mais altos". Isso indica que há o estado de apatia na democratização da distribuição igualitária do conhecimento, do poder, que por sua vez permearia num maior interesse do Estado no intuito de reduzir esse efeito. Ou, como expôs Paul Starr, "é o desenvolvimento maior de uma sociedade de informação estratificada".

O vídeo Epic 2015 apresenta a evolução da comunicação e das formas de comunicação como principais focos, se apresentando ora em forma de um documentário com mecanismos reais, ora se transforma em uma grande tentativa de previsão através da ficção. Inclusive, neste momento o Epic seria uma suposição. Mas o Steven Jhonson considera a possibilidade de pensar estes mecanismos positivamente, sobrepondo a crítica apocaliptica desta fase desenvolvimentista e integrando um viés propulsor a nova história em construção.

_________________________________________________ _______

Referência Bibliograficas:
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

WOLTON, Dominique. A Genealogia do virtual: Pensar a Internet. São Paulo: Meridional, 2008

Diálogo entre Steven Johnson e Paul Starr:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u551660.shtml

Video previsão Epic 2015:
http://http//www.youtube.com/watch?v=lyIhH0zXStM